História

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A Universidade de Brasília sofreu quatro invasões durante a ditadura militar: em 1964, 1965, 1968 e 1977. No ataque de 1968, o mais violento destes quatro, agentes das polícias Militar, Civil, Política (Dops) e do Exército invadiram a UnB e detiveram mais de 500 pessoas na quadra de basquete. Sessenta delas acabaram presas. Mas as invasões só se encerraram com o início da abertura política no Brasil. Em 1979, o Congresso aprovou a Lei de Anistia, que perdoou os crimes políticos cometidos desde 1961, mas a democracia na UnB só foi retomada em 1984, com a eleição de Cristovam Buarque para a reitoria.

No meio deste conturbado período da história da Universidade, foi fundada a Associação dos Docentes da Universidade de Brasília - Seção Sindical do ANDES-SN (ADUnB-S.Sind.), em 24 de maio de 1978, quando 115 professores e professoras, firmaram um compromisso: se unir em defesa e luta por democracia e pelos direitos da categoria docente. Ainda hoje, o Sindicato é uma das principais resistências pela manutenção do ensino superior público de qualidade no país. Há época, a ADUnB-S.Sind. representou, dentro da UnB, a luta democrática travada pela sociedade brasileira contra o regime autoritário. E em tempos tão conturbados enfrentou no medo de que tempos tão tenebrosos da História pudessem se repetir.

A criação da ADUnB-S.Sind. foi muito difícil, principalmente, por sua presença no centro de poder militar da época. Além de todo golpe contra qualquer que fosse a reunião desagradasse as forças militares, as universidades representavam uma forte ameaça àquele desgoverno. A ADUnB-S.Sind. foi, portanto, um ato de bravura dos professores da UnB porque o campus era controlado por militares, desde a entrada até a reitoria, significando que o autoritarismo estava presente na Universidade, não possibilitando a mínima ação alternativa. Além da resistência dos professores, havia a contratação de professores visitantes, contratados e colaboradores, era também objeto de luta sindical.

O questionamento da gestão acadêmica, da estrutura formal e burocrática e da discriminação quanto ao acesso dos professores à carreira docente seriam os temas mais frequentes da ADUnB-S.Sind., em suas denúncias sobre o funcionamento da Universidade.

Toda essa articulação começou bem antes, com ação, não apenas dos docentes, mas também dos alunos. E foi por conta de toda essa força que o sindicato também foi capaz de conquistar tantas lutas nos últimos anos. E é de alguma maneira por eles que a ADUnB-S.Sind. segue batalhando. Para que nunca aconteçam novamente as barbáries do golpe militar.

A ADUnB-S.Sind é fruto de uma coragem coletiva, encampada num sonho coletivo, que desafiou os militares, em defesa da liberdade, da igualdade e da democracia. Como conta um trecho do livro “Sonho e Realidade - o movimento docente na Universidade de Brasília”: “criar a Associação dos Docentes da UnB era desejo nascido da resistência política ao autoritarismo vigente no país, tão bem representado na reitoria instalada no campus, mas era também o desejo de uma entidade representativa capaz de se voltar para os problemas inerentes à vida acadêmica, da pesquisa científica às questões trabalhistas, das quais a que revelaria mais premente era a precária situação dos contratados como professores colaboradores e professores visitantes”.

Contar a história da ADUnB não é apenas olhar para o passado, é mais, é ter o respaldo dessa história para ampliar as nossas lutas por democracia, em defesa da Educação Pública e dos direitos da nossa categoria docente.

Websérie “Memória de Luta”
Entender o presente requer conhecer o passado. A memória dos movimentos sindicais é marcada por resistência e luta, mas também por muitas conquistas. A ADUnB-S.Sind por meio da produção da WebSérie  “ADUnB Memórias de Luta”.
O “ADUnB Memórias de Luta”  aborda ainda a reafirmação do projeto de universidade pública e o papel da UnB no cenário nacional, com o objetivo de assegurar a memória do sindicato, da sua construção e da sua história de luta.

Mesmo em meio às inúmeras situações adversas enfrentadas, com interventores na UnB, indicados pela Ditadura Militar, perseguição a estudantes e intervenção de militares dentro do campus, foi criado um  movimento coletivo de resistência.

Além disso, para complementar as histórias e memórias da construção desta história, a ADUnB-S.Sind. produziu uma série de entrevistas. A primeira apresentada é a com o professor Luiz Gonzaga Figueiredo Motta, que faleceu no dia 9 de junho de 2023. O professor teve uma trajetória importante no campo da Comunicação, era uma referência em estudos jornalísticos e desenvolvia pesquisas em torno de narrativas.

Motta participou da diretoria da ADUnB-S. Sind nos anos de 1980 a 1982 e deixa um legado para a luta sindical. "A UnB e a FAC perdem um professor emérito, um pesquisador reconhecido, e a ADUnB perde um de seus dirigentes pioneiros" , destaca o professor Murilo Ramos, colega de docência e amigo pessoal do professor Luiz Gonzaga Motta.

Publicado em 21 de novembro de 2024

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