Justiça Federal determina suspensão de vídeos de Wilker Leão e proíbe novas publicações que identifiquem terceiros envolvidos
A Justiça Federal do Distrito Federal (16ª Vara Federal) deferiu em parte o pedido de tutela de urgência requerido pela Universidade de Brasília (UnB) e determinou que o Google Brasil retire do ar vídeos do canal do ex-discente Wilker Leão relacionados ao Processo Disciplinar Discente (PDD), que permitam a identificação de pessoas envolvidas no procedimento, por se tratar de exposição de terceiros sem consentimento. A decisão também proíbe Leão de publicar novas imagens ou vídeos que contenham elementos que permitam identificar professores, testemunhas e membros da comissão envolvida no processo disciplinar.
Em 2024, Wilker Leão gravou vídeos não autorizados de professores e estudantes em sala de aula e os publicou em suas redes sociais, com milhões de visualizações. A argumentação para as gravações era que havia “doutrinação de esquerda” na UnB. Desde então, o youtuber foi suspenso da instituição duas vezes por dar continuidade às suas práticas. Em agosto de 2025, foi condenado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal por calúnia e difamação, após publicar em suas redes sociais vídeos do professor da UnB, Estevam Thompson.
Na última decisão assinada pelo juiz Leonardo Tocchetto Pauperio, o magistrado reconheceu que as postagens continham exposição não consentida de imagem e dados pessoais de fácil identificação nas capas dos vídeos e nos próprios vídeos, afirmando que o ex-discente não tem direito de expor a imagem de terceiros sem consentimento, bem como reconhecendo que isso poderia causar dano à intimidade e à imagem das pessoas envolvidas. O juiz fundamentou a decisão nos direitos constitucionais à honra, intimidade e imagem e na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
A decisão determina que o Google Brasil suspenda os vídeos indicados e que o ex-discente Wilker Leão de Sá se abstenha de fazer novas publicações de conteúdos que contenham elementos que permitam a identificação de terceiros envolvidos no Processo Disciplinar Discente. Essa é uma decisão liminar e, portanto, provisória, da qual cabe recurso, cabendo esclarecer que a ação judicial seguirá em tramitação, bem como as investigações
A ADUnB reafirma que não tolerará qualquer forma de violência, intimidação ou perseguição dentro da universidade, seja em espaços institucionais ou nas redes sociais. A entidade destaca que a decisão judicial representa um passo importante na proteção da comunidade acadêmica e reforça seu compromisso com o diálogo respeitoso e a liberdade de pensamento, princípios que devem guiar a vida universitária.
Publicado em 05 de novembro de 2025