Acesso da classe trabalhadora ao ensino superior é tema de Seminário sobre cursos noturnos na UnB em Ceilândia

Movimentos sociais e populares, docentes, estudantes e a direção da Universidade de Brasília (UnB) participaram, nesta quinta-feira (21), do “Seminário sobre a viabilidade de implantação de cursos noturnos no campus da UnB em Ceilândia”. A atividade foi marcada pela mobilização em defesa da democratização do ensino superior público para a classe trabalhadora.
A Associação dos Docentes da UnB – Seção Sindical do ANDES-SN (ADUnB-S.Sind) esteve presente na mesa de abertura do evento. Para Luiza de Marilac Meireles, 2ª Tesoureira da ADUnB, o Seminário foi um momento fundamental para dar visibilidade às reivindicações históricas dos movimentos sociais e populares de Ceilândia. “Esse espaço foi muito relevante porque possibilitou que as comunidades apresentassem suas demandas, fortalecendo a mobilização e contribuindo para a organização dos próximos passos dessa luta. A ADUnB-S.Sind, embora não tenha a prerrogativa de criar cursos na UnB, reconhece a importância estratégica da democratização do acesso à educação superior pública e gratuita para a classe trabalhadora. Por isso, seguimos comprometidos em apoiar iniciativas como esta, que ampliam o debate e mantêm viva a luta por uma universidade mais inclusiva e socialmente referenciada”, afirmou.
A criação do campus da UnB em Ceilândia, em 2008, foi fruto da luta de movimentos sociais e populares locais, organizados desde o final da década de 1980 em defesa da universidade pública e gratuita. Apesar dessa conquista, os cursos são oferecidos apenas no período diurno, o que impede parte significativa das trabalhadoras e trabalhadores de estudar. Além disso, a oferta concentra-se na área da Saúde.
O professor Erlando da Silva Rêses, da Faculdade de Educação (FE), coordenou o evento, realizado com a articulação do Centro de Educação Paulo Freire de Ceilândia (Cepafre), do Movimento Pró-Universidade Pública de Ceilândia (Mopuc), do Movimento Popular por uma Ceilândia Melhor (Mopocem), do Festival de Rock e Cultura (Ferrock), do Instituto Cultural Menino de Ceilândia e do Movimento Salve Arie JK/Rio Melchior.
Os movimentos organizadores elaboraram uma enquete virtual para levantar dados sobre a demanda por cursos noturnos. Das 437 respostas coletadas até a realização do Seminário, destacaram-se os pedidos por Psicologia, Direito, Pedagogia, Letras, Sociologia, Antropologia, História, Educação Física, Administração, Arquitetura, Serviço Social, Nutrição, Engenharias, Gestão em T.I., Odontologia, Gestão Ambiental, Relações Internacionais, Medicina, Artes Plásticas, entre outros. Outro ponto relevante foi a reivindicação pela oferta noturna de cursos já existentes no campus — como Terapia Ocupacional, Enfermagem, Fonoaudiologia e Saúde Coletiva — atualmente restritos ao período diurno.
Ao final dos debates, as e os participantes do evento apontaram pela continuidade da enquete virtual, com ida às escolas para aplicação. Uma comissão será formada para dar sequência às discussões e buscar medidas para viabilizar a criação dos cursos noturnos na UnB, em Ceilândia, evidenciando sempre o projeto político de universidade pública historicamente pautado pelos movimentos sociais e populares locais.
Publicado em 26 de agosto de 2025