Movimentos sociais ampliam campanha em defesa do mandato de Glauber Braga

O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) voltou a ser pauta do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (9). O relatório do deputado Paulo Magalhães (PSD-BA), que recomenda a cassação do mandato de Glauber por quebra de decoro parlamentar, foi aprovado. A reunião foi marcada pela mobilização da campanha “Glauber Fica!”, organizada por sindicatos, movimentos sociais e populares.
A representação foi protocolada pelo partido Novo em abril de 2024, após Glauber Braga ter se envolvido em um episódio de agressão contra um militante do Movimento Brasil Livre (MBL), motivada por ofensas dirigidas à sua mãe, que estava doente. O processo se estendeu por um ano e foi classificado pelo parlamentar como uma “tortura institucional”, em entrevista ao programa Segunda Chamada, do canal do YouTube MyNews.
Campanha "Glauber Fica!"
Sindicatos, movimentos sociais e organizações populares manifestaram apoio à permanência de Glauber Braga no Congresso, entendendo que a situação representa uma ofensiva orquestrada pelo “centrão” e pela extrema-direita contra um parlamentar comprometido com as pautas da classe trabalhadora. Glauber tem se destacado, por exemplo, na denúncia do Orçamento Secreto.
A Associação dos Docentes da Universidade de Brasília – Seção Sindical do Andes-SN (ADUnB-S.Sind) reconhece o deputado como um aliado importante na defesa da educação pública.
O que acontece agora?
A votação terminou com 13 votos a favor da cassação e 5 contrários. O parlamentar informou que apresentará recurso à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e ao Supremo Tribunal Federal (STF), antes que o processo siga para o plenário da Câmara dos Deputados. Glauber também anunciou que iniciará uma greve de fome. Para a cassação definitiva do mandato, são necessários ao menos 257 votos dos 513 deputados. Ainda não há previsão para a votação em plenário.
Desproporcionalidade ou perseguição?
Para os apoiadores do parlamentar, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados não tem adotado critérios proporcionais, especialmente diante das diversas quebras de decoro parlamentar ocorridas no país recentemente.
Durante a reunião, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) classificou a situação como perseguição política. “Gustavo Gayer foi alvo de uma operação da Polícia Federal por desvio de verba parlamentar. Votou aqui contra o Glauber. Não foi julgado nesta Comissão. André Fernandes, também deputado desta Casa, é investigado por apologia e apoio aos atos golpistas de 8 de janeiro, que resultaram na depredação do Congresso. A representação contra ele sequer chegou ao Conselho de Ética”, criticou Boulos.
Publicado em 10 de abril de 2025