Educação Federal em greve: ato em frente ao Palácio do Planalto marca início da semana de lutas

Dezenas de docentes e técnico-administrativos participaram na manhã desta segunda-feira (10) de um ato em frente ao Palácio do Planalto com o objetivo de pressionar o Governo Federal para continuar as negociações com as categorias.

Mobilizado pelos Comandos Nacionais de Greve do ANDES-SN, Sinasefe e Fasubra, o ato aconteceu paralelo à reunião do presidente Lula com reitoras e reitores de Instituições Federais do Ensino Superior (IFES) para anúncio do Novo PAC das universidades. De acordo com o anúncio realizado pelo ministro da Educação, Camilo Santana, serão mais de R$ 3,77 bilhões em investimentos para as universidades federais, com implantação de 10 novos campi nas cinco regiões do país. O valor se soma ao investimento de R$ 1,75 bilhão destinados aos hospitais universitários e totalizam R$ 5,5 bilhões para todas as instituições públicas federais de ensino superior.

Para junho de 2024, a complementação orçamentária para custeio será de 400 milhões - R$ 279,2 mi para universidades e R$ 120,7 mi para institutos federais.

A recomposição orçamentária das universidades federais é uma das demandas do movimento paredista que aponta para a defasagem nos orçamentos e interferem no pleno funcionamento destas instituições.

“Esse anúncio de reestruturação e recomposição orçamentária é fruto da nossa greve. A pressão contribuiu para este resultado. Apresentamos propostas e fortalecemos a demanda apresentada pela Andifes e Conif de reposição dos orçamentos. Então, essa pauta também é dos docentes, também é dos técnico-administrativos”, destacou a presidenta da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília - Seção Sindical do Andes-SN (ADUnB-S.Sind), Eliene Novaes.

Apesar do anúncio, as categorias em greve representadas pelos Comandos Nacionais não foram convidadas a participar da reunião. A presidenta da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes)  e reitora da Universidade de Brasília, Márcia Abrahão, discursou, durante a reunião, sobre democracia nas universidades e a importância da valorização dos professores e professoras e técnico-administrativos.

“Um tema que está na ordem do dia e eu não poderia deixar de falar, é a greve dos docentes e servidores técnico-administrativos das Universidades, Institutos Federais e CEFET, são trabalhadoras e trabalhadores essenciais para darmos conta de todos os desafios do país e que possuem remunerações e que possuem remunerações muito defasadas, como o senhor bem sabe tem tratado dessa recomposição ainda mais quando comparamos com algumas carreiras que tiveram reajustes recentemente. Há técnicos, Presidente, que chegam a ganhar menos de um salário mínimo. Esperamos que esta semana, o governo e os sindicatos, cheguem a uma solução negociada, pacificando a situação. Estamos à disposição para continuar contribuindo e nos colocamos totalmente prontos para essa empreitada”, ressaltou.

Ex-sindicalista, o presidente Lula criticou o movimento paredista e avaliou que não há motivo para que a greve continue. "Nesse caso da educação, se vocês analisarem o conjunto da obra vocês vão perceber que não há muita razão para essa greve estar durando o que está durando. Quem está perdendo não é o Lula, quem está perdendo não é o reitor, quem está perdendo é o Brasil e os estudantes brasileiros. É isso tem que ser levado em conta. Não é por 3%, 2%, 4% que a gente fica a vida inteira de greve. Vamos ver os outros benefícios", disse Lula na reunião.

"Ao não convidar os sindicatos representativos de docentes e de técnico(a)-administrativo(a)s da educação federal para o evento que tratava de um tema fundamental de nossa pauta, o governo, mais uma vez, perdeu a  oportunidade de demonstrar disposição ao diálogo. Diversamente, durante o evento, ocorreram desrespeitosas manifestações do(a)s representantes do governo federal contra a greve e seus(suas) dirigentes sindicais. Cumpre salientar que o ataque às organizações sindicais não auxilia no avanço do diálogo", destacou o CNG em comunicado de avaliação sobre o evento. Atualmente, 64 instituições de ensino superior federal estão paralisadas.

Agenda de lutas

A mobilização desta segunda, abre a semana de luta em defesa da Educação Pública. Nesta terça-feira (11) acontece a 6ª reunião da Mesa Específica e Temporária PCCTAE, às 16h, no Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI). Na quarta (12), às 9h acontece um ato no estacionamento Anexo II da Câmara dos Deputados e às 10h, uma Audiência Pública na Comissão de Educação da Câmara com o Ministro da Educação. Na quinta (13), às 15h, será realizada um Aulão em frente à Capes. Na sexta (14), ainda em horário a definir, acontece uma reunião da Mesa Específica de Negociação com ANDES-SN e Sinasefe.

“Uma semana de mobilização para que a gente pressione o governo para a reabertura das negociações e para a melhoria da proposta apresentada até aqui”, destacou Eliene Novaes.

*Com informações do Ministério da Educação

Publicado em 11 de junho de 2024

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