Contra o Sionismo: mais de 400 pessoas participam de debate na UnB

“Este evento, mais do que o lançamento de um livro, é uma atividade de solidariedade aos palestinos”, declarou o jornalista Breno Altman durante o lançamento do livro ‘Contra o Sionismo: retrato de uma doutrina colonial e racista’, no Beijódromo (Memorial Darcy Ribeiro) da Universidade de Brasília (UnB), nesta quarta-feira (21/02).

Com mais de 400 pessoas, o lançamento do livro contou com o debate "Em defesa do povo palestino", com a presença da deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL/RS), da secretária de Juventude da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) Maynara Nafe, da cientista política Ana Prestes e da professora do Departamento de Sociologia da UnB e filiada à Associação dos Docentes da Universidade de Brasília - Seção Sindical do ANDES-SN (ADUnB-S.Sind), Berenice Bento.

O evento de lançamento contou ainda com a presença de diretoras e diretores, filiadas e filiados da ADUnB-S.Sind que puderam acompanhar uma aula sobre a história do sionismo, sobre o território palestino. “Receber um evento como esse em nossa Universidade testemunha a preocupação da comunidade acadêmica com a formação de uma opinião crítica em relação ao massacre diário cometido pelas forças israelenses contra a população civil palestina, principalmente contra mulheres e crianças”, disse José Mauro, diretor do Sindicato. 

O autor apresentou os números do conflito que revelam as consequências da postura adotada por Israel. Segundo ele, o Ministério da Saúde palestino apontou que pelo menos 29 mil pessoas foram mortas em Gaza até o momento, incluindo 12.300 crianças e 8.400 mulheres. Mais de 7 mil pessoas estão desaparecidas. Na Cisjordânia ocupada, mais de 395 palestinos, entre eles 105 crianças, foram mortos. Mais de 4.450 feridos. Em Israel, de acordo com as Forças de Defesa israelenses, 1.139 pessoas foram mortas e 8.730 ficaram feridas.

Na opinião do autor, “podemos perceber que o sionismo é parente do nazifascismo”, repercurtindo a fala do presidente Lula do último domingo (18/02), quando comparou o massacre Faixa de Gaza com o Holocausto promovido pelo Terceiro Reich na Alemanha nazista. De acordo com Altman, esta se trata de uma “declaração histórica”. A fala foi aclamada pelos presentes. 

O jornalista vem sendo alvo de perseguição judicial por fazer críticas ao Governo de Israel. Ele chegou a declarar ser vítima de censura e perseguição depois que a Polícia Federal abriu inquérito em dezembro para investigá-lo.

A professora Berenice Bento também tornou-se alvo de ataques depois que uma página no Instagram acusou-a de antissemitismo e alegou que ela estaria promovendo “discursos de ódio, notícias falsas e distorções de fatos” por defender a Palestina. Além disso, a professora foi difamada ao ser incluída, junto com outros professores da UnB e estudantes, em uma lista do deputado bolsonarista Gustavo Gayer (PL-GO) de “pessoas identificadas como supostas terroristas” por apoiar o povo palestino.

Em um ‘desabafo’, intitulado como ‘Carta aos que não sepultei’, a professora Berenice expôs a dor de estar assistindo à um genocídio televisionado que já apresentou tantas mortes. Segundo ela, a vida palestina se tornou uma vida matável, vidas fantasmas. “Tornou-se um mantra sionista dizer que a Palestina era uma terra sem povo, transformou-se em estratégia político pedagógica que tem a guerra como pauta. Assim tem sido, expulsam, matam, torturam, se apropriam das vidas e dos bens palestinos”, disse. Com os olhos cheios de lágrimas e a voz embargada, a professora destacou que estamos assistindo crianças, seres humanos com fome por uma grama, enquanto a ração animal já foi ingerida. “Fui perguntada por uma criança ‘que mal fizemos para merecer isso?’. Não tive resposta”, afirmou ela, aplaudida de pé pelos presentes. 

Contra o Sionismo

Lançado em dezembro de 2023, o livro ‘Contra o sionismo: retrato de uma doutrina colonial e racista’, de Breno Altman, é fruto de debates, entrevistas e análises com especialistas sobre o contexto da nova agressão promovida pelo governo de Benjamin Netanyahu. Hoje, com mais de quatro meses de guerra, a conduta das autoridades israelenses já resultou na morte de quase 30 mil palestinos.

No livro o autor explica, de forma didática, os fundamentos do regime sionista, da questão palestina e do Estado de Israel. E aponta as diferenças entre judaísmo e sionismo, e esclarece como o próprio sionismo se transformou em uma ideologia racista, colonial e teocrática que promoveu a construção de um regime de apartheid contra os palestinos.

Desde o início dos ataques israelenses a Gaza, em outubro de 2023, Altman, que é judeu, tem continuamente denunciado o massacre contra o povo palestino. Em decorrência de suas críticas ao regime sionista de Israel, o jornalista passou a sofrer uma série de perseguições e ameaças judiciais a pedido de organizações como a Confederação Israelita do Brasil (Conib) que condenam sua postura.

 

Publicado em 22 de fevereiro de 2024

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