“Taxas de juros reduz crescimento, não deixa o país crescer”, explica professora no Programa Diálogos ADUnB; assista

Política econômica é pauta do programa Diálogos ADUnB

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) decidiu manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano, conforme expectativa do mercado, porém, isso ocorre em meio a pressões de governos, servidores e entidades sindicais para que diminua a taxa de juros que tem afetado a economia do país. 

Com este cenário, o Brasil continua liderando, pela quarta vez consecutiva, o ranking de países que têm  juros  reais mais altos do mundo, seguido por México, Chile, Filipinas e Indonésia, respectivamente. A informação é de um levantamento da gestora Infinity Asset Management que compila dados das 40 principais economias globais. 

Para comentar sobre a política de juros altos do Banco Central, o programa Diálogos ADUnB desta segunda-feira (26/6) recebeu, a professora Maria de Lourdes Rollemberg Mollo, professora titular do Departamento de Economia - Universidade de Brasília e Doutora em Monnaie, Finance et Banques na  Université de Paris X – Nanterre. A presidenta da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília - Seção Sindical do ANDES-SN (ADUnB-S.Sind.), Eliene Novaes, conduziu a entrevista.

“A política econômica impacta diretamente a vida das pessoas no cotidiano e não entendemos muito bem como isso acontece, por isso é importante discutir  esse assunto para entender melhor como os juros altos impactam a vida de toda população, especialmente os mais pobres”, destacou Eliene Novaes na abertura do programa.

A professora Maria de Lourdes explicou que a taxa de juros é um dos principais indicadores da economia e possui um grande impacto na vida da população, principalmente no que diz respeito a aspectos financeiros como investimentos. “É a taxa de juros que determina o valor dos juros que a população deverá pagar ou receber. Além disso, pode ser utilizada pelo Governo para incentivar ou conter as demandas da economia”, completou. 

Neste contexto de alta na taxa de juros, a tendência é que todas as outras taxas do mercado também subam, restringindo o poder de compra da população. “O nível de desemprego da população tende a subir, reduzindo a renda das famílias e, consequentemente, seu poder de consumo, o que impacta também na receita e na produtividade das empresas”, disse a professora Maria de Lourdes. Segundo ela, o país ainda vive um contexto pós pandêmico que já afetou os empregos e a produtividade e a manutenção de altas taxas de juros pode refletir ainda mais nesta questão. 

Poucos lucram, todos perdem

O cenário da alta de juros é bom apenas para a parcela mais rica do país, que representa 1%. “Com a taxa mais alta, o governo federal tem que dispor de mais recursos para pagar mais aos investidores. Recursos esses que poderiam ser destinados a áreas sociais. Para manter investimentos, o governo emite títulos da dívida pública, que são adquiridos por investidores – os mais ricos – que por sua vez, ao resgatar  esses títulos, esses valores serão corrigidos. Com juros altos, é mais dinheiro que o governo é obrigado a pagar”, ressaltou

Segundo a professora, o aumento da taxa de juros é também um instrumento de política monetária utilizado para controlar a inflação do país. Quando o Banco Central quer reduzir a inflação, ele aumenta a Taxa Selic porque, assim, aumentará o “custo” do dinheiro. Com isso, fica mais caro pegar empréstimos, fazer financiamentos e consumir. A redução do consumo força uma redução da inflação. Entretanto, o que tem se visto é que a inflação já está diminuindo ao longo do tempo, mas ainda assim, a taxa de juros não baixou.

Para que esta conjuntura seja capaz de mudar, de acordo com a professora Maria de Lourdes, a pressão deve ser de articulação política e apenas assim, será possível que o Governo mantenha, inclusive, os compromissos econômicos feitos com a população. 

A presidenta da ADUnB-S.Sind reafirmar a importância em fortalecer a campanha nacional contra os juros abusivos que vem sendo mobilizadas por diversas entidades e organizações sindicais, Lutar contra juros altos é uma forma de assegurar melhor poder de compra e sobrevivência da população, especialmente a mais pobre e assim diminuir as desigualdades. 

Para assistir o programa completo, clique aqui.

Diálogos ADUnB

O programa Diálogos ADUnB é exibido às segundas-feiras, às 18h30, na TV Comunitária de Brasília.

Publicado em 28 de junho de 2023

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