“Assédio Moral precisa de respostas institucionais”, afirmam professores da UnB


Roberto Heloani, professor da Unicamp que participou da Roda de Conversa com docentes da UnB

“Como elaborar uma resposta inteligente, emocionalmente madura e com respaldo institucional contra o assédio moral?”. Com esse questionamento professoras e professores da Universidade de Brasília debateram o tema na Roda de Conversa "Assédio Moral no Trabalho: O que Fazer para a Prevenção?", com Roberto Heloani, docente da Unicamp com experiência na área de Psicologia do Trabalho, Saúde no Trabalho e Psicodinâmica do Trabalho.


O encontro aconteceu na última sexta-feira (18/10), promovido pelo Grupo de Trabalho (GT) “Trabalho e Saúde” da Associação dos Docentes da UnB (ADUnB). Atualmente, o GT trabalha num levantamento epidemiológico dos docentes da UnB, com análise de dados fornecidos pela coordenadoria de saúde ocupacional da universidade. “A UnB tem uma responsabilidade institucional em relação ao trabalho e saúde”, afirmou Mário César Ferreira, coordenador do GT e professor do Instituto de Psicologia.


Larissa Aguiar, servidora da Ouvidoria da UnB, relatou que há poucos estudos relacionados aos técnicos e docentes quando se trata de assédio moral. "É um desafio para a toda a universidade. Os dados são muito sensíveis. Estou aqui justamente para entender como esse assunto está sendo abordado entre os professores", afirmou Larissa.


Ferreira explicou que a demanda foi encaminhada ao Decanato de Gestão de Pessoas (DGP) e que “houve uma recepção positiva e um aceno de parceria” pelo decano Carlos Vieira Mota. O objetivo é criar, no sindicato, um comitê de prevenção ao assédio moral na universidade, pareceria entre a ADUnB e a Coordenadoria de Capacitação (Procap), vinculada ao DGP. Parte dos docentes que estiveram na roda de conversa inscreveram-se no comitê.


“Além de promover o bem estar e a prevenção ao assédio, espero que a instituição caminhe no sentido de resolução dos casos e tome responsabilidade para fazer o necessário para que as pessoas parem de agir dessa forma”, disse uma professora que preferiu não se identificar.



A ADUnB tem cuidado de vários temas e é muito importante ter um GT específico para o Trabalho e Saúde”, afirmou Roberto Goulart Menezes, do IREL. “É um sindicato forte, com 80 a 90% da categoria filiada, e deve abrigar essas discussões. Que isso seja politizado e evidenciado na universidade”, reforçou o professor.


Roberto Heloani disse o assédio continua sendo um instrumento muito utilizado para afastar trabalhadores das empresas públicas e privadas. “No serviço público, o assédio acaba tornando-se um instrumento eficaz para o afastamento, já que há estabilidade. Ou a pessoa adoece ou vai embora”.


Heloani afirmou que as mulheres são ainda mais assediadas do que os homens e que os conflitos nas universidades públicas duram mais do que nas particulares. “Aqui há processo administrativo e o assédio se estende, muitas vezes por anos... uma verdadeira tortura, pessoas isoladas e casos de suicídio dentro do ambiente de trabalho nas universidades federais”, alertou.


“Cada pessoa tem um limite emocional.a primeira coisa a fazer é o acolhimento. Às vezes, sem apoio psicológico não é possível”, orientou Heloani. A UnB tem a Coordenadoria de Atenção à Saúde e Qualidade de Vida (CASQV), dedicada à escuta e ao atendimento psicossocial dos servidores. Basta procurar a coordenadoria de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, mediante agendamento pelo telefone 3340-2314.


CAPACITAÇÃO

O GT promoverá, de 31 de outubro a 1 de novembro, uma capacitação para formar multiplicadores da prevenção do Assédio Moral no âmbito da Universidade. O evento acontecerá no auditório do Centro Cultural com Margarida Barreto, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo; e Leandro Queiroz Soares, do Grupo de Estudos e Pesquisas em Ergonomia Aplicada ao Setor Público, da UnB.


Para participar da capacitação, os docentes deverão se inscrever no Sistema Integrado de Gestão de Recursos Humanos www.sig.unb.br/sigrh. A atividade será certificada pela Procap-UnB.


Publicado em 21 de outubro de 2019

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